IFEMELU
- Stephanie Ribeiro
- 2 de jul. de 2016
- 2 min de leitura
TE AMO, ME DESCULPE?

Meu cabelo crespo incomoda, me desculpe!
Eu sei que você não gosta quando ele “pinica” seu rosto, por isso não deito no seu ombro.
Me desculpa se não fui aquela vez que me chamou de madrugada!
Eu realmente não estava bem, sei que você está bastante ocupado, mas não pude.
Me desculpa, por ter falado de relacionamento, você tinha deixado claro que só estava
“curtindo”.
E obrigado por confiar em mim pra pedir conselhos sobre as meninas que você gosta.
Me desculpa se te irritei aquele dia, a culpa foi minha, eu sabia que você não queria falar.
Desculpa por falar tanto de mim, por te chamar tanto, por falar tanto!
Tô tentando melhorar isso.
Me desculpa por não ser mais baixa.
Por não ser mais bonita.
Por não ser a menina com todos os atributos que você gosta.
Me desculpa por eu ser negra.
Me desculpa por eu ser trans.
Me desculpa.
Eu peço desculpas todos os dias por ser quem eu sou.
Por gostar.
Por sentir.
Sinto vergonha e medo de sentir, de me expressar, de afrontar.
Mas eu deveria me amar, não é?
Esse é o segredo, não é? Se amar?
Como eu posso me amar se todos os dias eu vejo o quanto eu não pertenço?
Eu deveria me desculpar comigo mesma.
Por acreditar que não ou bonita.
Que tenho que ser forte.
Que não mereço.
Acreditar que tenho que me encaixar nesse molde pra satisfazer a todos, menos a mim.
Me desculpar comigo por ter acreditado que pra você me amar teria que fazê-lo maior,
enquanto me torno menor.
“Se você pertence a um grupo de oprimidos, o amor que tem por si é revolucionário. Se você tem poder de opressor contra um grupo, o amor que tem pelos outros é revolucionário!”
Amandla Stenberg.
Esse texto não resolve muito, não muda nada muito relativo, mas pelo menos outras como eu, se sintam menos sozinhas lendo essas palavras. Acho que é mais um apelo por empatia, eu gostaria muito que as pessoas olhassem dentro do espelho que é o outro e refletissem.
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