EU SOU UMA MULHER DO GUETO - MARLENA SHAW
- Texto: Stephanie Ribeiro
- 15 de abr. de 2016
- 3 min de leitura

O meio musical assim como a sociedade em geral é racista e sexista. Sendo assim mulheres que carregam em si a dupla opressão, as negras, acabam sendo invisibilizadas e silenciadas. Por isso quando comecei a passar pelo processo de empoderamento enquanto mulher e negra, revendo meu papel e lugar social, também achei que seria importante escutar, literalmente, mulheres negras que cantam, tocam, compõem, etc.
O mais incrível nessa busca é que encontrei um sucessão de mulheres negras fazendo musicas políticas, que hoje em dia poderiam ser facilmente interpretadas como feministas e ativistas negras. Uma das minhas preferidas entre as descobertas, foi Marlena Shaw.
Esse é o nome artístico de Marlina Burgess, que hoje aos 72 anos (ainda se apresentando) foi a principal artista feminina contratada pela Blue Note Records em 1972, ela ficou conhecida pela sua versão de "Touch Me In The Morning", entretanto está aqui nesse post, porque me apaixonei por ela quando escutei “Woman Of The Ghetto”, que é um retrato da situação da mulher negra na sociedade. Essa sem dúvidas é uma das minhas músicas preferidas.

Eu sempre parto da contextualização, então temos na década de 60 uma mulher negra cantando:
Eu nasci , cresci em um gueto
Eu nasci e cresci em um gueto
Eu sou uma mulher, do gueto
Você escuta, você me escuta, legislador?
Como você cria seus filhos em um gueto?
Como você cria seus filhos em um gueto?
Você alimentar uma criança e morrer de fome outra?
Você não vai me dizer, legislador?
Através da sedução
Eu sei que meus olhos não são azuis
Mas você vê que eu sou uma mulher
do gueto
Estou orgulhosa, livre,
Preta, é o que sou
Mas eu sou uma mulher do gueto
(...)
Colocaram em minha mente
que era pra vir atravessando a água em um barco
acorrentada, amarrada, junto
Eles disseram: "não, não, eles não são realmente homems, e as mulheres,
apenas acorrentem 'em up, tie' em up, cadeia 'em up, tie' em up,
cadeia 'em up, tie' em up, trabalho, trabalho, trabalho "
foi onde o movimento começou
Diga não, não ...
Meus filhos aprenderam apenas o mesmo que o seu
enquanto ninguém tenta fechar a porta
Eles choram de dor quando a faca corta profundo
eles até mesmo fecham os olhos quando quero dormir
Agora paz, você diz
é tudo o que você pede
Mas a auto-estima é uma tarefa
Você pode estar sentado lá em cima
em sua torre de marfim
60 andares de altura
Eu sei que você pode ter passado pelo menos em um gueto
Mas eu me pergunto você viveu lá em sua totalidade?
(...)
E eu estou finalmente livre
Eu digo que eu sou finalmente livre
Eu vi as crianças morrendo
e eu tenho sido uma das mães que estava chorando
Eu sou uma mulher
Eu sou uma mulher
Eu sou uma mulher, sim, eu
Eu disse que eu sou,
eu quero dizer que eu sou,
Eu sou a mulher, eu sou a mulher, eu sou a mulher do gueto
(...)
Eu tenho um bebê
Eu tenho um bebê
Eu tenho um bebê eu quero alimentar e eu realmente não estou dando tudo de mim
acima, apenas um pequeno pedaço de dez centavos ou dois
Ah, a mulher negra ...
(...)
mulher,
Eu sou uma mulher, yeah yeah yeah
Apenas uma mulher ...
Ela escreveu essa letra e gravou em disco, cantou em show e apresentações, isso a mais de 50 anos atrás.

Sua linha do tempo:
1966 foi descoberta pela gravadora Chess Records;
1972 foi contratada pela Blue Note Record tornou-se o destaque feminino.
2001 foi uma das atrações do North Sea Jazz Festival na Holanda.
2007 foi uma das atrações do North Sea Jazz Festival na Holanda.
5 discos que são destaques:
1867 | Out of Different Bags
1969 | The Spice of Life
1977 | Sweet Beginnings
1974 | Who Is This Bitch, Anyway?
1978 | Acting Up
Para saber mais acesse seu site.
As imagens são capas dos álbuns de Marlena Shaw.
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