AMANDLA STENBERG LUTANDO POR IGUALDADE
- Tradução | Patricia Azevedo
- 29 de mar. de 2016
- 6 min de leitura
Tradução livre do artigo de Lynette Nylander para a VICE.
Utilizando as plataformas de mídias sociais e a força de suas palavras como uma espada Amandla Stenberg está lutando pela igualdade racial.
"Eu percebi que o componente negro da minha identidade é extremamente importante para mim e esta percepção mudou completamente quem eu sou como ser humano. "

E o que podemos esperar agora de Amandla Stenberg?
Famosa por sua atuação em "Dont Cash My Cornrows". Após seu vídeo feito para uma aula de história de sua escola discutindo as linhas que diferem o tema de apropriação cultural e apreciação cultural, sua página do Instagram e Twitter aumentaram em quantidade de seguidores, contando com em média com 600.000 a 300.000 seguidores respectivamente. Aparecendo em inúmeras revistas e entrevistas, alguns críticos a descrevem como uma estrela teen "influente", "pioneira" e "radical".
"Às vezes essas palavras me fazem sentir me um pouco assustada", diz Amandla por telefone de Los Angeles: "Sinto que tenho muito que provar e mostrar. Eu tenho essa reputação e tenho que manter e por muitas vezes me sinto muito pressionada”.
Conversando com Amandla, você poderia confundi-la com alguém que possuí o dobro de sua idade. Ela é sábia demais para seus poucos 17 anos, muito firme e autoconfiante. Ela tem um tipo de auto crença tão firme e inabalável, dessas que parecer vir apenas com a idade, mas uma inocência e esperança em conjunto.
Amandla nasceu em Leimert Park, um bairro residêncial no sul de Los Angeles, filha de pai Dinamarquês e mãe afroamericana, ela cresceu idolatrando popstars como Destinys Child, Ciara, Gwen Stefani e Alicia Keys.
"Eu também, infelizmente passei por uma fase de Green Day", confessa ela.
"Eu estava tentando descobrir quem eu era como uma garota negra, então eu comecei a ir para uma escola de Westsideque era predominantemente branca, portanto foi sempre um enigma interessante explorar as diferentes partes da minha identidade racial. A verdade é que existia diferentes lugares, na escola todas as crianças eram brancas e em casa todos os meus amigos eram negros, era uma dualidade lidar com todas essas crianças multirraciais."

Em seus anos no estudo no colégio normal, Amandla teve que permanecer lutando em busca de sua auto identificação e de seus sentimentos encobertos por aqueles que estavam dispostos a rotular lhes com em estereótipos incorretos.
"Havia todo tipo de situações, algumas me titulavam por ser muito negra, em outros espaços era branca demais.", explica ela.
"Não é que existisse algo como ser negro demais ou branco demais, mas isso é um sentimento que eu percebia crescendo em volta de mim”. Amandla lembra se da primeira vez que se percebeu negra e como sendo diferente de seus amigos de Westside.
"Eu estava brincando de esconde-esconde quando ouvi um menino perguntar. 'Onde está aquela pequena menina negra?' Foi como... ' Oh ... essa sou eu”. Foi a primeira vez que reconheceu em sua vida o conceito de raça. "Pela primeira vez senti o gosto amargo do racismo publicamente."
Relata Amandla que começou sua carreira muito cedo aparecendo como modelo publicitária em alguns comerciais e catálogos de roupas, ganhou um pequeno papel como a jovem Cataleya em 2011 na série “ Colombiana” , tudo isto antes de sua grande oportunidade que surgiu aos a 12 anos de idade, lançada como Rue na primeira edição de "The Hunger Games” com a adaptação do romance para o cinema por Suzanne Collins.

"Eu me lembro de estar tão animada porque eu li o livro que a personagem Rue era negra", diz Amandla. "Eu fiquei tão contente com isso porque é tão difícil encontrar papéis e personagens para as meninas negras das quais possamos nos identificar. Foi então que vi coisas na internet sobre como a minha morte (no filme) não seria mais triste, ou nem faria tanta falta, algo que foi uma espécie de choque para mim, muito doloroso, como era confuso, mas eu realmente não podia deixar minha cabeça girar em torno disso." Depois disso, Amandla lutou de alguma forma contra si mesma:
"Eu passei por um período em que rejeitei totalmente a minha parte afrodescendente. Alisei meu cabelo e tentei fazer-me mais “digerível’’ para os outros, mas felizmente percebi que o componente negro da minha identidade era de extrema importância para mim e essa percepção mudou completamente quem eu sou como ser humano, sinto agora que minha identidade racial fechou o círculo completo ".
O apoio incondicional de Amandla para as minorias a elevou em um pódio de representante e militância nas redes sociais. No fórum de "Don't Cash Crop My Cornrows" ela discute tudo, desde a história do cabelo black até sua auto afirmação e reconhecimento de sua identidade negra, até fala a adotação da cultura hip-hop e debate sobre seus significados. Mantêm ainda seu canal do youtube agora com 1,9 milhões visualizações e regularmente usa outros canais de mídia social, tem também sua própria marca de ativismo on-line onde comentando sobre questões sociais como sexualidade, diferença de gênero, papéis e preconceitos culturais elaborados a partir de uma narrativa de uma menina negra abordada por um policial negro.
Foi nomeada uma das adolescentes mais influentes do mundo pela Revista “Times magazine” e intitulada como “ feminista” pela fundação Ms.for womans, junto com alguns de seus amigos conhecidos como (Tavi Gevinson, Willow Smith e Kiernan Shipka) ela ainda está organizando um coletivo de jovens talentosas do sexo feminino que estão atuando sobre questões sociais. Mesmo em meio da pressão do crescimento do seu perfil e da negatividade dos ataques on line, amigos de Amandla são o seu núcleo de apoio.
"Meus amigos têm sido super essenciais para o meu processo de descoberta e crescimento, eu tenho a sorte de tê-los".
"Eles são grandes pessoas, e estão tão confortáveis em sua própria identidade que puderam me ajudar a encontrar a minha, eu adoraria trabalhar com um monte de amigos meus, como Zendaya, Yara Shahidi de Black-ish, e também Willow , eu acho que seria tão legal se todos nos pudéssemos estar em um filme juntos e formar um esquadrão #blackgirlmagic# isto sim seria realmente incrível!"
Entre liderar o movimento, Amandla está a avançando com sua atuação.
Atualmente têm um papel ao lado de Owen Campbell e Charlie Heaton no filme: "As You Are", um filme indie dirigido por Miles Joris-Peyrafitte que estreou no Festiva de Sundance em 2015. O filme acompanha três adolescentes na década de 90, a própria Amandla descreve – "Eles se encontram e exploraram sua sexualidade e se apaixonam."
Ela também criou sua própria banda desenhada intitulada ‘Niobe’, nascido de seu amor pela fantasia da ficção científica. "Eu sou um grande fã de Studio Ghibli!"
Ela diz: "Minha caixa do telefone é realmente uma Longe Spirited. Gostaria de criar algo semelhante, que capturasse esse sentimento, mas algo que para alguém que fosse negra feminina porque eu sinto falta que essas funções realmente existam na fantasia e que fossem representadas do jeito que eu gostaria que fosse, então eu decidi começar algo eu mesma."

Quando lhe perguntado sobre as mudanças que quero ver no mundo, Amanda diz:
"Eu quero ver a representação de pessoas de cor e do diferente, as pessoas que não são capazes de dominar os meios de comunicação da forma que deveriam, basta olhar para as recentes indicações ao Oscar ", ela continua, "Eu quero que a geração mais jovem saiba de tudo isso e que nós realmente tentamos nos concentrar do conceito de que outras pessoas não fazem de você quem você é como ser humano apenas suas decisões e tudo que você faz para contribuir com o mundo, é mais importante ".
Amandla dá voz a quem não tem uma aqueles que são marginalizados e usa sua plataforma para falar para sobre eles. "Se ter essa plataforma de mídia e ter passado por este processo de autodescoberta for útil para outras pessoas que estão lutando para se afirmar, porque não dividir? É incrível, e é claro que eu quero continuar fazendo isso". Finaliza ela:
"Eu sinto que tudo isto aconteceu por acidente, porém jamais esperaria que as pessoas respondessem com tanto tanto interesse, e muitas vezes com tanta compaixão e ou ate às vezes com tanto ódio."
Apesar de todos os preconceitos injustos que enfrentou no ano de 2015 por sua militância junto aos negros, preto, transsexuais e trangêneros, Amandla mantém-se otimista para o futuro.

"A melhor coisa sobre ser jovem? São as infinitas possibilidades. Eu não tenho ideia do que está reservado para mim para o resto da minha vida, o que é emocionante porque sou muito jovem e tenho muito a aprender e eu também vou curtir e isso é bom! Eu vou continuar fazendo isso porque isso e única coisa que eu posso fazer."
Texto: Lynette Nylander
Fotografia por: Oliver Hadlee Pearch
Styling:Emilie Kareh
Cabelo e maquiagem: John McKay em Frank Reps usando Shu Uemura
Assistência de fotografia: Gregory Brouillette
Assistência: Styling Fiona
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