EXISTE MENOS RACISMO NOS PAÍSES DA AMÉRICA LATINA?
- Texto: Patricia Azevedo | Arte: Mathilde Aubier
- 2 de fev. de 2016
- 2 min de leitura

A população negra no Brasil ultrapassa a casa dos 100 milhões de pessoas segundo um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE). Sendo considerado um dos países que mais recebeu escravos no período de trafico negreiro, seria portanto logico o Brasil possuir forte representatividade negra. No entanto percebemos que existe no Brasil um movimento inverso, do fenômeno chamado a “negação dos negros brasileiros”( Tema também abordado em documentários como ‘A negação do Brasil’ de Joel Zito Araújo).
Para compreender o fenômeno que discorre sobre a invisibilidade da população em um pais, quando mais da metade de uma população é considerada negra ou afrodescendente, deveríamos entender um pouco mais sobre o paradeiro dos negros nos países Latinos Americano para concluir algumas razões da forte presença do racismo no próprio Brasil.
Em um censo realizado na Argentina em 1778 a população negra chegava a 54% e que estranhamente caiu para 1,8% em 1887 (a abolição ocorreu em 1853). A justificativa é bastante evidente quando sabemos que este pais articulou um processo de branqueamento de sua população e organizando uma teoria onde todos os filhos de escravos deveriam ser registrando como brancos, processo conhecido como politica do "branqueamento”.
Para o governo Argentino o desenvolvimento e o progresso do pais estava fortemente atrelado a cor de pele da população.
Outras medidas como a de colocar somente os negros em frente de batalha engajados como soldados contra os ingleses pelos espanhóis, ou acondiciona-los em grupos em guetos, padecendo de doenças e pestilências como a epidemia de febre amarela em 1871, pode ter sido responsável por dizimar a população negra naquele país.
No Chile, por exemplo existe uma parcela ainda menor de negros sendo sua população basicamente constituída por descendentes indígenas e espanhóis, os poucos descendentes africanos estão mais concentrados no Norte do pais. O fato pode ser explicado também pelo maior uso da mão de obra escrava indígena. De qualquer forma a percepção de um turista ou estrangeiro de passagem por este pais é que, curiosamente, a atmosfera possa ser menos racista que no Brasil ou Argentina.
Evidentemente, a não negação de suas raízes em contrate com a forte presença do povo indígena nas ruas faz com que o Chile aparentemente seja dos países que melhor representa suas minorias na América Latina.
Na cidade de Santiago por exemplo, é possível encontrar museus que dialogam com cultura indígena, um museu de arte pré-colombiana e muitas grifes de roupas e artesanato que representam a cultura do pacifico em suas estampas.
Em contrapartida, o Brasil parece começar a caminhar neste sentido, adotando algumas politicas afirmativas como, por exemplo, a inciativa do ensino as religiões da matriz religiosa Africana nas escolas publicas.
Desta forma e possível somente caminhar pelas ruas do Chile percebemos o quanto temos que aprender com "los Hermanos del fin de mundo’ sobre representatividade e orgulho racial.
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