GISELE RIBEIRO
- Phran Noctuam
- 12 de mar. de 2015
- 4 min de leitura

Gisele Ribeiro, 26, é uma mulher super simpática e sorridente, trabalha na UPM – União Popular de Mulheres, ela da aula de alfabetização para mulheres do bairro que infelizmente não tiveram oportunidades quando criança de estudar e também cuida da parte administrativa da instituição.
Entrevistei essa grande mulher, sobre o trabalho realizado pela UPM que é uma associação sem fins lucrativos, comprometida com a integração sóciocultural e educacional da sociedade paulistana. Criada pelas mulheres do bairro do Campo Limpo, no dia 08 de março de 1987, mas desde a década de 60 desenvolve diversas ações com o objetivo de fomentar e fortalecer a organização popular e o desenvolvimento local.
Eu conheci a cede da UPM, e a Gisele me mostrou cada cantinho e projeto que eles tem lá e com isso conversamos bastante sobre o que eles desenvolvem com as mulheres, idosos e crianças.
Gisele, quais projetos vocês executam aqui na UPM do Campo Limpo (Cede)?
Aqui temos o Viva leite, entrega de leite para a comunidade, que é o momento em que mais temos contato com a população do bairro em geral, é a oportunidade de divulgação das nossas ações.
Temos a Biblioteca que todos podem pegar os livros e não é obrigatório devolver, mas sempre orientamos em deixar outro do lugar.
Nossa maior fonte de renda é o Brechó da UPM, recebemos roupas, acessórios e objetos, como doação e revendemos em um preço acessível para a comunidade, e esse dinheiro é revestido para pagar as contas do local, o que muitas vezes não suficiente, e até alguns funcionários contribuem com algum valor para ajudar.
Contamos também com o Banco Comunitário União Sampaio, que atende cerca de 200 pessoas, com empréstimos de pequeno, médio e grande porte, para diferentes razões. O banco tem sua própria moeda, a Sampaio, e aqui no bairro mais ou menos 60 comércios aceitam a moeda e com isso construímos uma rede entre os moradores o comércio local, ajudando o comércio da comunidade a se desenvolver.
O projeto MOVA, Movimento de Alfabetização de jovens e adultos, era um grupo de mulheres que se reunia para estudar, e uma ensina o pouco conhecimento que tinha com as outras e assim consecutivamente, estudando decidiram lutar pelos seus direitos e pelos do bairro, e com isso perceberam a necessidade da criação da associação e assim nasceu a UPM. Hoje ele atende 60 alunos, e tem Gisele e outros professores.
Temos o projeto Redes, que ajuda 40 empreendimentos culturais solidários, com assessorias técnicas, consecutivamente com o fortalecimento dos instrumentos e estratégias de comercialização e troca solidária de produtos, serviços e conhecimento de uma Rede de Cooperação Solidária.
Para saber sobre os outros projetos da UPM, ou ter mais informações sobre os citados a cima: http://bit.ly/1x9NYlZ
E, só podem participar mulheres, ou vocês também atendem outros públicos?
Atendemos mulheres de todas as idades, idosos, crianças e dependendo do projeto como o Banco Comunitário União Sampaio ou o Redes também atendemos homens adultos.
Quais são as outras unidades? E quais projetos elas oferecem?
No total são 4 unidades, o NCI Vida Ativa, NCI Campo Limpo, NCI Alegria Pura, e o CASA das MULHERES. A Casa das Mulheres é a cede. Os NCI’s que atendem idosos de ambos os sexos, de segunda-feira à terça-feira das 8 horas às 17 horas. Oferecemos múltiplas atividades, com ações protetivas, preventivas e proativas que contribuem para melhorar o processo de envelhecimento (inclusive para pessoas com deficiência).
Existe tem um Centro de Defesa e Convivência da Mulher, como funciona, quantas mulheres atende ao mês?
O Centro de Defesa e Convivência da Mulher, o Mulheres VIVAS, tem atendido ao mês 150 mulheres que sofrem algum tipo de violência física ou psicologia, que estão ou não em risco de vida, no caso de risco de vida a levamos até um abrigo até que tudo seja resolvido. Contamos com apoio de psicólogas, advogada, assistente social, educadores e rede de geração de renda como corte e costura, panificação e artesanato.
Vocês também oferecem profissionalização e produção para mulheres, quais cursos existem?
Oferecemos curso de Moda, Panificação, Artesanato e Beleza. E todas as mulheres podem participar, esses cursos tem como objetivos auxiliar na renda da mulher, dar uma formação, e estimular o ensino do conhecimento adquirido a outras mulheres.
O que é? E, como funciona o Observatório Popular de Direitos?
Ele é um espaço para denúncia sobre violação dos direitos dos povos da periferia e tradicional (indígenas, matriz africana e ciganos). Realizamos as denúncia por meio do aplicativo Programa VOJO Brasil.
Um dos projetos que mais fiquei curiosa sobre como funciona é o Vivências Comunitárias, o que ele é? Quem pode participar?
São grupos mistos, de mulheres e homens, que vem conhecer a UPM e/ou já conhece, e que levamos para conhecer os comércios locais que temos parcerias. Mas, também viajamos para países da America Latina para conhecer as culturas, e as formas de produção culturais daqueles países.
Gisele, agora me fale o que você acha de alfabetizar essas mulheres jovens e adultas?
Há 28 anos atrás, mulheres desse bairro, trocavam conhecimentos, se ajudavam colaborativamente, as vezes uma faltava no serviço para cuidar do filho de todas para as outras poderem ir trabalhar. O MOVA é praticamente o projeto fundador da UPM, eu me orgulho de poder ajudar. Eu aprendo mais com elas (as alunas), elas tem mais idade, já viveram bastante, eu ensino a ler e escrever e elas me ensinam coisas da vida, a viver.
Diz com um enorme sorriso no rosto.
Comments