top of page

DANIELA LUCIANA

  • Arte: Ana Maria Sena
  • 7 de mar. de 2015
  • 2 min de leitura

Aos 42


celebro estar em pleno aprendizado de ler o mundo


o que não sei ainda é o que vibra infância de saber

e me ensina o sorriso das que nascem e crescem fortes

para deixar de alisar e soltam o black libertário

os mais velhos que contam histórias e mandingam

os jovens que ainda ficam indignados

e aqueles que se omitem para sobreviver

e com a dor dos que deixam vivos

ao morrer nas mãos da polícia

com as frustrações de nossa população magoada

das tantas mulheres negras

às quais resta a boca calada

continuo aprendendo em vida e luta que...

do fundo de cada navio negreiro as mais fortes

as riquezas humanas que não subjugaram

nem derrotarão nunca

nesta vida que conquisto a cada dia

(que a nós nada é dado)

aprendo a solidariedade orgânica

de mãos e mentes em sintonia

com a força ancestral para seguir

a cuidar de meu ori, a ser mãe amorosa de menina

a ser irmã também de quem minha mãe não pariu

que o santo ou a vida me ofereceram

e sigo sem freio, nem peia, a dançar no vento, rio, chuva

seja na euforia ou na falência emocional

continuo a cantar a caminho do trabalho

e assim, minha fé não se esvai

com as tentativas de curvar meu sorriso

não adianta, seja qual for o santo que se imponha na feitura,

é com ela que aprendo esse rir vencedor,

que ofereço...

dela vem essa pureza que me embala a gargalhada

por essa doçura sem mágoas, que também é arma letal para inimigos

com ela, que amo tanto, Oxum Menina

assim seja enquanto envelheço, nossa sina

que eu não perca essa delicadeza que inspiras

o prazer de curimar, da natureza que fascina

de incomodar almas pedantes

pois meu esplendor é água de beber, camará...

o reflexo do abebé, arma de combate

elevando minha voz em espada

apenas na hora de cortar as cabeças

Cabocla Jurema, Oxum, Dona Maria

Ogum, Exu, Iansã me guiam

Oxossi e Xangô, incondicionais, sempre ao meu lado

Obaluaiyê, Logun e Oxalá me guardam

Iemanjá me abraça, me abraça...

Ossain, que sempre sussura em meu ori: "silêncio, segredo e tempo


aos 42..."


 
 
 

Comments


bottom of page